O Analista de Negócios e o tal BABoK

Faz pouco tempo que descobri o BABoK (Business Analysis Body of Knowledge). Quem cuida dele é o IIBA (International Institute of Business Analysis). A descoberta aconteceu por acidente, no meio das minhas pesquisas. Usando o Google, não consegui achar nenhuma referência em língua portuguesa. Estranhei. Afinal, a versão atual (1.6) está disponível para download desde 12/jul do ano passado. A versão 2.0 está programada para este trimestre. Mas, como escrevi no meu material, "o analista de negócios não existe. Particularmente aqui no Brasil". Normal. Quantos gerentes de projetos existiam há uns 10 anos? E quem conhecia o PMI?

O IIBA segue os passos do PMI. Ou seja, lança um 'guia para o corpo de conhecimentos' e, na cola, uma certificação. Tenho minhas restrições ao formato, mas elas ficam para outra hora. O lado bom é que a iniciativa pode ajudar a divulgar e, de certa forma, consolidar a profissão. Em tempos de altas ondas (SOA e BPM), passa da hora de percebermos que o Analista de Negócios desempenha funções cruciais.
[Meu próximo post falará sobre BDUF e a perigosa insistência de alguns que acham que 'super-programadores' generalistas dão conta do recado - dispensam os AN's].

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Mas o BABoK me assustou um pouco e decepcionou um tanto. Ainda não vi as alterações previstas para a versão 2.0, mas a versão 1.6 cobre, na minha opinião, apenas 50% do trabalho de um AN. Dos seus 8 capítulos, 5 cobrem exclusivamente as atividades de planejamento, desenvolvimento e gerenciamento de requisitos. O gráfico abaixo ilustra as áreas de conhecimento cobertas pelo BABoK:



"Enterprise Analysis", segundo capítulo do BABoK, é descrita como "uma coleção de atividades pré-projeto que servem para capturar uma visão futura do negócio, formando assim uma base a a elicitação de requisitos e para o desenho da solução [...]".

Como já comentei aqui, e talvez seja uma falha minha, mas não consigo dissociar a Modelagem de Negócios da Engenharia de Requisitos. Lógico, são duas disciplinas diferentes. Mas elas compartilham "momentos", independente do modelo de processo utilizado. E o BABoK não fala nada sobre Modelagem de Negócios. Se ela não é uma responsabilidade do AN, então é de quem?

Quero crer que, com a demanda gerada pelas 'ondas' BPM e SOA, o BABoK passe a contemplar atividades para modelagem de negócios e de processos de negócios em suas futuras versões. Melhor seria se a incorporação fosse motivada pela percepção de que o trabalho do AN não se restringe à coleta, análise e documentação de requisitos.

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Como mostra o conteúdo programático do workshop promovido pela Tempo Real Eventos, a primeira metade do evento tratará exclusivamente da modelagem do negócio e seus processos. Apresentarei algumas práticas sugeridas pelo BABoK na segunda parte do evento.

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sexta-feira, 18 de maio de 2007 | | Compartilhe: Adicionar esta notícia no Linkk

neste post

 

Anonymous Anônimo disse:

Descobri, meio sem querer, que existe o Babok. E concordo com o articulista aqui: pelo menos olhando o diagrama apresentado, parece-me que o Babok trata basicamente de engenharia de requisitos. Acho que a Análise de Negócio deveria caminhar para a arquitetura de negócios, ou de organizações, utilizando como referência trabalhos como o Zachman Framework. Mas, na verdade, acho que o mercado ainda está tentando entender bem o que se espera do Analista de Negócios.

 
 

Blogger Paulo Vasconcellos disse:

Olá Marcel,

agradeço o comentário.

Mas acho que o AN, antes de pular no tema "arquitetura", deveria se especializar na análise e modelagem de negócios. Suas sugestões são válidas, mas elas acabaram formando o Arquiteto de Negócios (ou EA - Enterprise Architect). Acredito que seja uma evolução natural para os AN's. Mas, antes de qualquer coisa, insisto que o entendimento do negócio é fundamental.

Abraços,

Paulo

 
 

Blogger Claudio Br disse:

Sou administrador e trabalho com TI há 11 anos. A função de analista de negócios veio para salvar o meu dia. Eu estava perdido em um mundo onde ou se falava de sistemas ou se falava de negócios.

Eu nunca fui especialista baixo nível em sistemas ou negócios, mas sabia que o meu conhecimento dessa relação tinha que ser útil para a organização.

Atualmente atuo como analista de negócios e modelo requisitos de comportamento para os sistemas internos da empresa e estou muito feliz pois consigo trabalhar no nível de abstração ideal para conciliar as necessidades dos meus dois clientes, o negócio e o analista de sistemas.

Fico no espectro dos casos de uso (de negócio e do sistema), entidades e máquina de estados.

Topei com o Babok da mesma maneira que vocês e acho normal ele focar nos requisitos e deixar o BPM de lado. Acredito que a evolução é essa mesmo. Começamos a melhorar os requisitos que é o que pedem para nós fazermos nas empresas e aos poucos vamos deixando claro que precisamos "nos meter" mais nos processos do negócio para garantir que o sistema atenderá às necessidades. Isso ocorre de maneira informal, mas acaba acontecendo.

Eu mesmo estou trabalhando em uma remodelagem completa de um sistema que implica a remodelagem completa de uma área de negócios e seus processos.

Vocês podem imaginar que como administrador eu sinta um impulso grande de partir para o negócio, mas entendo que isso é gradual e muitas vezes informal. Ocorre que os sistemas acabam trazendo uma evolução forçada para o negócio e neste momento devemos estar atentos para utilizar o nosso entendimento do negócio da melhor maneira.

O perigo de influenciar nos negócios ocorre quando existe alguma área responsável por processos que só se interessa em modelar o passado enquanto você possui a postura de um agente de mudanças. Esse relacionamento é delicado.

 
 

Blogger Paulo Vasconcellos disse:

Olá Kerber,

Seu depoimento vem em muito boa hora. E o ponto de vista - a defesa do foco do BABoK - é legal. Aliás, o primeiro do tipo que vejo.

Entendi sua colocação mas insisto: como o BABoK se apresenta como o "corpo de conhecimentos" da área, ele não pode ignorar a Modelagem de Negócios. Repito a questão: se não for o AN, quem a executa?

Grato pelo comentário. Abraços,

 
 

Blogger Claudio Br disse:

Acho que se trata de um problema de domínio. Da mesma maneira que um analista de negócios pode incomodar o pessoal de sistemas querendo colocar o bedelho na modelagem chegando até às classes, acredito que possa incomodar os responsáveis pela modelagem de negócios que está deixando de ser algo "puro" e ficando cada vez mais atrelada aos sistemas que a suportam.

Da mesma maneira que existem guerras entre as classes profissionais pelo domínio de espaços em outras áreas (os melhores exemplos estão na medicina), acredito existir aqui motivo para um conflito, principalmente quando o novo player quer entrar bem no meio, nem pra cá, nem pra lá e tudo o que é sutil tende a ser mal compreendido.

A tendência de uma classe profissional é crescer através da negação da outra, mesmo que velada. Conhecemos a opinião do pessoal da administração sobre o pessoal dos sistemas e vice-versa. Ser analista de negócio é atuar bem no meio dessa "faixa de gaza".

Quanto ao BABOK, precisamos ver qual é o background de quem o escreveu. Talvez eles tenham adotado o mote "pense grande, comece pequeno e haja rápido", e como o negócio deles era arquitetura, foram por esse caminho.

Também estou ansioso pela versão 2. Também acho interessante a certificação. Acho as certificações da moda muito legais (PMP, ITIL), mas queria algo específico, pois meu negócio é definição e modelagem do escopo das mudanças.

 
 

Blogger Paulo Vasconcellos disse:

Oi Kerber,

Meu caro, "Modelagem de Negócios" é uma disciplina em alguns modelos de processos. O mais famoso é o RUP. A disciplina ganhou até uma "irmã corporativa" no Enterprise Unified Process (EUP). Sendo assim, uma disciplina aplicável em projetos de sistemas de informação, quem é na sua opinião o responsável por ela?

Na visão que defendo, é o Analista de Negócios.

Mas fiquei curioso: na sua visão, quem é o "dono daquele pedaço"?

Abraços,

Paulo

 
 

Blogger Claudio Br disse:

Paulo, concordo com você.
Acredito que aquele "pedaço" pertence ao analista de negócios. Não creio que ele possa ser assumido por um profissional puramente administrativo, nem por um puramente técnico.

O que me assusta é que eu aprendi mais sobre modelagem de negócios através da análise de negócios orientada a objetos (utilizando UML) do que através das práticas tradicionais aprendidas na faculdade. Parece que o fato do computador não possuir tolerância a erros faz com que as linguagens mais próximas dele parecerem mais exatas quando aplicadas à modelagem de negócios.

 
 

Blogger Paulo Vasconcellos disse:

Olá Kerber,

Sua afirmação no último parágrafo é forte. No material que estou desenvolvendo eu tento equilibrar as duas coisas. Tem um "mundão" não coberto pela análise de negócios "orientada a objetos", para usar um termo seu.

Então utilizo várias referências do universo da administração, dentre elas Drucker, Kaplan & Norton, Hammer & Champy, etc etc.

De qq maneira, entendi bem sua crítica.

Grato pelos comentários. Abraços

 
 

Blogger Claudio Br disse:

É Paulo, ela é forte, mas não deve ser considerada uma crítica à administração (minha paixão, meu CRA é 11462), mas talvez uma crítica à administração que me ensinaram na faculdade (2001-2005).

A modelagem de negócios parece ser ignorada no currículo. Outra área ignorada é a gestão de projetos. Quando eu passei a estudar o BSC, dois anos depois de formado, vi que finalmente estava preenchendo a enorme lacuna entre a estratégia e os resultados.

Essa lacuna ficou aberta porque estudamos planejamento estratégico de um lado (estratégia) e resultados do outro (administração financeira) sem dar importância às iniciativas (projetos) que unem um ao outro.

Esse mundão realmente existe e eu faço uso do meu conhecimento a seu respeito para me sobressair em relação aos analistas que o ignoram.

Você não precisa ser administrador para ser analista de negócios, mas não pode ignorar a administração para sê-lo.

 
 

Blogger Paulo Vasconcellos disse:

Parabéns meu caro Kerber,

é exatamente isso! As escolas, Administração e Análise (que ainda é "de Sistemas"), se ignoram. Ambas perdem.

Abraços,

 
 

Blogger Unknown disse:

Paulo, sem querer insistir no tema, acho que falamos da mesma coisa, embora tenha usado o termo arquitetura de negócios. COncordo com vc que há um caminho a se percorrer antes de o AN chegar a ser um Arquiteto de Negócio. Mas não sei se é um caminho tão longo.
O ponto principal, que quis enfatizar, e é baseado na dificuldade que percebi no dia-a-dia como Analista de Negócios, é que não dá para se restringir o trabalho do AN apenas à gestão de requisitos de sistemas. E, salvo mal entendido, o BABoK parece enfatizar essa área.

 
 

Blogger Paulo Vasconcellos disse:

Oi Marcel,

Me desculpe a demora. E obrigado pelo comentário. Sim, acho que concordamos.

E sua dúvida sobre o caminho entre o BA (AN) e o Arquiteto me fez pensar um pouco. Vou viajar: o AN mais generalista, que trabalha em diversos setores, tem mais chance de se tornar um arquiteto. Tem uma visão mais ampla.

Acontece que há outra trilha igualmente desafiadora e atraente: o AN se especializa em determinado setor (seguros, por exemplo). Este cara é tão valorizado que dificilmente se justifica sua saída desta função. Seria como converter seu melhor desenvolvedor em um coordenador de projetos.

Meu caro, só um alerta: desativei este blog. Então convido-o a conhecer o novo finito: pfvasconcellos.eti.br.

Abraços,

 
 

Blogger Unknown disse:

Bom dia a todos, na verdade ainda sou estudante e me formo em tecnologia da informação esse semestre, mais achei muito legal esse tal de Babok, pois acho que como o PMBOK a metodologia que mais conheço o Babok vai pegar, mas gostaria de fazer uma pergunta para os senhores que entende bem mais do que eu, quais são os principios de um Analista de negócio e quais suas fieis atividades dentro de uma organização , sei que grande parte dos riscos são identificados por eles, gerando ao projeto ou sub projeto um grande beneficio.
Aguardo ansioso a resposta, pois me interresei muito pela metodologia.
E em relação ao mercado ? qual a sua aceitação?

 
 

Blogger Paulo Vasconcellos disse:

Oi Figueirinha,

Você encontrará mais informações sobre a profissão/função, suas responsabilidades e o corpo de conhecimentos (BABoK) no "novo" finito.

Sobre o mercado: ele é novo. E a tendência é de grande demanda nos próximos anos, podes crer.

Abraços,

 
 

Blogger Unknown disse:

Muito obrigado Paulo, irei pesquisar melhor sobre o assunto e espero um dia atuar na área.

qualquer novidade de cursos, palestras, me avise por favor ,

aleuuuuuuuuuuuuuuuu.

 
 

Blogger Unknown disse:

Boa tarde meu povooo
Deixa eu fazer uma pergunta. Já existe alguem certificado Babok no Brasil?
Meu professor Disse que existe somente um Rapaz que já trabalhou com ele vcs Sabem o nome desse rapaz?

 
 

Blogger Paulo Vasconcellos disse:

Boa tarde meu caro Figueirinha,

Não quero desmentir seu prof., mas acho que não tem ninguém com a certificação CBAP (Certified Business Analyst Professional) no Brasil não.

Na última vez que vi - em set/07 - existiam apenas 70 certificados no mundo. 69 na América do Norte e 1 na Nova Zelândia. E só! Mas posso estar meio desatualizado.

Abraços,

Paulo

 
 

Anonymous Anônimo disse:

Estamos formando um novo capítulo do IIBA (BABOK) no Brasil. Para maiores informações entre em contato pelo e-mail marcelomneves@gmail.com.

 
 

Anonymous Anônimo disse:

Certificado de Babaca? Isso não é o PMP?

 
 

Blogger Marcelo Neves disse:

O único certificado CBAP atualmente é o Fabrício Laguna de SP.

 
 

Blogger Paulo Vasconcellos disse:

Olá Administrador,

Tô sabendo. Inclusive tive a chance de conhecê-lo pessoalmente em um encontro promovido pelo IIBA Chapter SP.

Espero que o IIBA se modernize logo (viabilizando testes via Internet) para que tenhamos mais profissionais certificados.

Abraços e obrigado pela informação.

Paulo

 
 

Anonymous Mauro Schroeder disse:

putz.. lendo este babok, notei que as instruções são para um perfeito expert em negocios, gerenciamento, analise de risco, de tuuudo... ou seja, um perfeito profissional, alguem que saiba de tudo e de todos, das minucias dos negocios às soluções de TI perfeitamentes adequadas a elas... meio dificil... quase impossível...
ou, deve-se estudar muuuuito para ser alguem à altura dos conhecimentos descritos em tal documento... mas eu nao consegui parar de ler até agora.. keep reading...

 
 

Blogger Unknown disse:

Pois é.. o Analista de Negócios vira um certo super-homem ou super-mulher (nem sei se é assim que se escreve mais)...
Bem, o que pensarmos dos coitados que trabalham em empresa que definem o papel de um Analista de Negócio com algumas atividade de Gestão de Projetos e ainda lhes atribuem, 3, 4, 5, 6 projetos...
Deve estar cheio de super homens por aí. Depois não sabem por que os projetos atrasam, não atendem escopo, têm problemas com fornecedores...

 
 

Blogger Unknown disse:

Mais um comentário: na empresa em que trabalho, está-se adotando com muita ênfase o modelo ágil de desenvolvimento. O Analista de Negócio praticamente acabou na empresa, pois nesse modelo, o usuário tem um contato muito forte com o time de desenvolvimento - normalmente ele faz o papel do chamado Product Owner. Não quer dizerr que o ANeg vai acabar.. mas preparem-se. Acho que tem uma revolução vindo por aí.
Opinião minha: o Analista de Negócios vai caminhar para analista de processos, BPM, trabalhar com BSC e indicadores e transformar isso para as ferramentas associadas. Será muito mais interessante...

 
 

Anonymous Anônimo disse:

o analista de negocios tem que entender a fundo os negocios ou saber usar a expertise dos usuários chaves para determinar, decifrar e resolver os problemas, usando os recursos as melhores praticas de TI. Ou seja, tem que ser um analista de sistemas de alto nilvel e que tenha aptidão para conhecer e entender os diversos ramos de negocio.

 
 

Anonymous Anônimo disse:

Marcel disse:

"trabalhar com BSC e indicadores e transformar isso para as ferramentas associadas."

esta é exatamente a função do AN... tornar tudo isso viável através das melhores praticas em TI

 

Qual é a sua opinião?

A T E N Ç Ã O

Esta é uma versão antiga do finito. Só é mantida aqui porque o Google ainda direciona algumas buscas para cá. E eu seria louco se simplesmente o desativasse, certo? Mas, por favor, não deixe de visitar o finito certo. Todo o conteúdo aqui disponível está lá também.
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